As pessoas só fazem com a gente aquilo que permitimos. Como isso funciona?
Todas as interações precisam de limites para se manterem saudáveis e abundantes.
Olá, novamente! Aqui é a Michelle. Espero que esteja bem!
Caso ainda não saiba, sou apaixonada pelas palavras. Gosto de dissecá-las, entendê-las e buscar suas origens. As palavras representam como entendemos o mundo e podem tornar as ideias mais acessíveis (ou não, como no caso do juridiquês, por exemplo). 😅
Nesse meu entusiasmo todo, me questiono com recorrência: como e quando determinada palavra foi criada? Como eram as mentes e o contexto da época em que surgiu? Entender conceitos, significados e signos (não estou falando de astrologia… ainda…🤭), é uma das chaves para ampliar conhecimentos.
Recentemente, passei por uma situação bastante incômoda (mais de uma, na verdade) e por mais tolerante e empática que eu tente ser, não estava conseguindo digerir o volume de incoerências e frustrações dentro de mim. Lembrei de uma das verdades que trago em mim: “As pessoas só fazem com a gente aquilo que permitimos”.
A frase é simples, mas não é simplista. Definir limites requer atitudes complexas e profundas. Não permitir algo é como colocar uma plaquinha de “é proibido…” na testa. E isso me parece tão rude. Pensando bem, é ainda pior… Me sinto ignorante de mim mesma (existe isso?). Colocar plaquinha “DE QUÊ?”, se eu não estou sabendo nem estabelecer os MEUS limites? Afinal, o que eu esperava receber, o que faltou para que eu não me sentisse assim?
“BOUNDARIES! É isso. Minha expectativa em relação às pessoas é que tenham ‘boundaries’. E se eu tô exigindo do outro, quem precisa sou eu. Eita palavra bonita essa tal de ‘boundaries’! Vou pesquisar!”
[Retomando…]
Limites, limitar, limitações, limitado, limitantes… Palavras que carregam significados inúmeros: separação, fim, freio, impossibilidade, incompetência. Meu objetivo não é detalhar o resultado da minha pesquisa semântica aqui, mas essa sensação desconfortável da palavra “limite” pode ter relação com sua origem: vem do latim “limes” (pl. -itis) e significa o conjunto de fortificações das fronteiras do Império Romano.
Por outro lado, a palavra em inglês para limites é “boundaries”, que tem sua raiz no verbo “bind”, que significa conectar. Sutilezas que fazem diferença pro inconsciente, concorda?
3 boundaries [plural]: regras não oficiais sobre o que não deve ser feito: limites que definem o comportamento aceitável.
Regras não oficiais de comportamento. Então, é responsabilidade de quem em um relacionamento interpessoal? 🤔 Penso que seja de todos os envolvidos.
Estou ciente da minha dificuldade em colocar limites para me relacionar com algumas pessoas. Saber dizer não, saber até onde me envolver com o problema alheio, ou perceber que determinado sentimento ou situação estaria alcançando um ponto de descontrole, são alguns dos aprendizados que ainda fazem parte do meu dia-a-dia.
Conhecer, reconhecer e transformar meus limites enquanto pessoa, profissional remota e empreendedora são práticas que asseguram meu espaço (e o do outro), no mundo real e no digital.
“Orai, estudai, (se) vigiai.”
4 motivos para estabelecer limites:
Melhoram nossos relacionamentos e autoestima;
Podem ser flexíveis;
Permitem-nos conservar nossa energia emocional;
Dão-nos espaço para crescer e sermos vulneráveis.
“Daring to set boundaries is about having the courage to love ourselves even when we risk disappointing others” - Brené Brown
“Ousar estabelecer limites é ter a coragem de nos amar, mesmo quando corremos o risco de decepcionar os outros”.
Ao contrário do que muitos de nós aprendemos, determinar limites não cria barreiras. Os limites facilitam as conexões saudáveis e respeitosas, seja nos relacionamentos íntimos ou profissionais. Definir limites é uma parte importante do estabelecimento da identidade de alguém e um aspecto crucial da saúde mental e do bem-estar.
De forma geral, podemos definir limites para o nosso espaço pessoal, sexualidade, emoções e pensamentos, coisas ou posses, tempo e energia, cultura, religião e ética. É a partir das nossas próprias definições de limites que vamos saber o que priorizar, o que nos faz sentir o que sentimos, até onde conseguimos ir e o que podemos fazer para ir além. Tudo começa no entendimento dos nossos limites.
No campo das interações e relacionamentos, definir limites emocionais para si mesmo e identificar os limites dos outros não é uma ciência clássica, mas é possível aprender maneiras de assumir o controle das nossas vidas e conduzir relações saudáveis.
Nossos limites emocionais (e morais) são ferramentas que nos permitem sentir seguros, fortes e com poder em nossos relacionamentos. Com o tempo, começamos a nos sentir mais fortalecidos pela verdade de que não é apenas nosso direito, mas nosso dever, fazer as escolhas que nos são melhores.
11 atitudes para rever, manter ou estabelecer limites:
1. Liste seus limites.
Identifique para si mesmo seus limites. Considere o que você pode tolerar e aceitar, e o que o faz se sentir desconfortável, aborrecido ou ressentido. Não há certo ou errado. Apenas escreva e se torne consciente.
2. Atenção aos seus sentimentos.
Dois sentimentos-chave que alertam sobre nossos limites são: o desconforto e o ressentimento. Muitas vezes, esses sentimentos sinalizam que estamos nos empurrando para além de nossos próprios limites, porque nos sentimos culpados ou outra pessoa está impondo suas expectativas, pontos de vista ou valores sobre nós.
3. Seja direto.
É normal que com algumas pessoas manter limites saudáveis não requer um diálogo direto e claro, pois vocês são semelhantes em seus estilos de comunicação, pontos de vista, personalidades e abordagem geral da vida. Com outras pessoas, como aqueles que têm personalidade ou formação cultural diferente, você precisará ser mais direto sobre seus limites. Lembre-se: ser direto, não é ser rude. Agir com confiança, cuidado e respeito pode ser aprendido.
4. Permita-se.
Medo, culpa e dúvida são grandes armadilhas em potencial. Podemos temer a resposta da outra pessoa se definirmos e impusermos nossos limites. Algumas pessoas se sentem culpadas por dizer não a um conhecido. Podemos nos perguntar se merecemos ter limites em primeiro lugar. Além de serem um sinal de relacionamento saudável, os limites são um sinal de respeito próprio. Permita-se estabelecer seus limites.
5. Autoconsciência na prática.
Mais uma vez, os limites têm a ver com aprimorar seus sentimentos e honrá-los. Quando se encontrar com dificuldades em sustentar seus limites, considere questionar-se sobre o que mudou, o que está sob seu controle e o que fará a partir dessa análise.
6. Considere seu contexto, seu passado e seu presente.
A maneira como você foi criado e seu papel na família podem se tornar obstáculos adicionais para estabelecer e preservar limites. É essencial repensar se as relações são recíprocas e se existe um dar e receber saudável. O seu ambiente também pode ser prejudicial. Pode ser desafiador ser o único ou um dos poucos tentando manter limites saudáveis.
7. Priorize o autocuidado.
Coloque-se em primeiro lugar sempre, pois nossa necessidade e motivação para definir limites se tornam mais fortes. Cuidar de si também significa reconhecer a importância de seus sentimentos e eles podem ser pistas importantes sobre o nosso bem-estar e sobre o que nos faz felizes e infelizes. Dar-se prioridade também lhe dá energia, paz de espírito e perspectiva positiva para estar mais presente com os outros.
8. Quanto antes, melhor.
Estabelecer limites e alinhar expectativas, desde o início de uma relação, proporciona a todos os envolvidos a ciência de seus espaços, além de diminuir as chances de frustração, confusão ou mágoa.
9. Seja assertivo.
É importante comunicar-se de forma assertiva com a outra pessoa quando ela ultrapassa um limite. De uma forma respeitosa, deixe a outra pessoa saber o que em particular está incomodando você e que vocês podem trabalhar juntos para resolver isso.
10. Comece pequeno.
Rever ou estabelecer um novo limite precisa ser gradual, então comece pequeno. Algo que não seja ameaçador para você e, em seguida, aumente gradativamente para limites mais desafiadores. Estabelecer limites exige coragem, prática e apoio. Lembre-se de que é uma habilidade que você pode dominar.
11. Busque apoio.
Se estiver numa situação de crise, busque algum apoio, seja um grupo de interesses comuns, igreja, aconselhamento, bons amigos e família. Conversar e se abrir para outras perspectivas pode deixar mais clara a forma como estabelecer e aplicar novos limites.
Definir limites nem sempre é fácil ou confortável. As pessoas podem recuar se você “disser NÃO” a algumas coisas ou tentar comunicar suas necessidades com mais clareza. Podem tentar testar seus limites, para ver até que ponto você está levando a sério. Isso não significa que você está fazendo algo errado. Isso pode significar apenas que você precisa ser claro e consistente até que as pessoas se adaptem à nova forma de interagir.
Todas as pessoas tem seus limites e devemos respeitar - os nossos, inclusive.
Agora é sua vez! Compartilha comigo o que esses apontamentos sobre LIMITES fez você pensar, sentir refletir, ou responda alguma das perguntas abaixo:
Já passou por alguma situação marcante relacionada à falta (ou excesso) de limites?
Quais limites você estabeleceu para você mesmo em relação à saúde, trabalho ou família?
Já se sentiu ultrapassando limites com relação à alguém? Como contornou a situação?
Você usa ou sabe algum ditado popular ou expressão que pode ser conectado a esse tema?
Deixe ao menos uma reação para eu saber que chegou até aqui e aquecer meu coração. 🚀
Obrigada pela leitura! Até breve!
Abraço,
Mi.
Uaaaauuuu
Adorei o texto!
Vc escreveu o que a minha psicóloga sempre me falou 😬😬😬
Já passei por muitos problemas por não conseguir dizer não. Acabei aceitando algumas coisas por medo de magoar outras pessoas.
Depois de muita terapia, finalmente pude me conhecer melhor e isso me permitiu estabelecer alguns limites.
Nossa! Vc melhor que ninguém sabe sobre o que eu passei e como a Rafa sempre diz, por falta de postura minha não dei limites. Essa história de limite é muito séria e muito difícil de ser praticada. Mas vamos plantando um dia de cada vez, com tentativas, erros e crescendo.